Páginas

terça-feira, 12 de abril de 2011

Liderança para o século XXI (Parte 2 - Liderança internetizada)

Comentaremos abaixo alguns dos verdadeiros desafios da Liderança para o século XXI já que vimos no post Liderança para o século XXI  (Parte I - Novidades empoeiradas), que a questão comportamental da  Liderança está bem consolidada.


Mudanças sempre aconteceram
       Essa história de século XXI é meio arbitrária porque a vida não ocorre em saltos: as mudanças são contínuas e acontecem há centenas de anos. 
       O livro Futurehype de Bob Seidensticker, afirma que não é verdade que as mudanças estão acelerando cada vez mais. De fato, podemos ver que a maior parte da nossa vida quotidiana lida com coisas que já estão aí há muito tempo. O que comemos, bebemos, vestimos, e a forma como trabalhamos, nos divertimos e viajamos, não estão, de fato, sofrendo alterações radicais.
       A ilusão da mudança desenfreada é reforçada porque em cada época a mídia foca no nicho que está em ebulição, porque é mais excitante e interessante. Vivemos no passado a revolução da imprensa, do vapor, da eletricidade, do telefone (fixo), dos carros, dos aviões, dos transistores, dos microcomputadores, etc. Muitas novidades também não decolaram. Por exemplo, o cinema 3D tentou entrar no passado e está tentando de novo. Aliás, o próprio cinema já teve sua agonia prevista algumas vezes e ainda está bem vivo.

A Internet está ficando onipresente
         O nicho atual é a mobilidade e a universalidade da Internet, apoiado pela "lei" de Moore, enunciada em 1964, onde George Moore, então presidente da Intel, afirmava que a cada 18 meses dobraria a densidade de transistores.
         A Internet em si já está bem estabelecida e sem grandes novidades recentes. A própria Web 2.0, que tem tornado a Internet mais participativa, por incentivar a interação e a geração de conteúdo pelos internautas, também não é mais novidade.
        O que está trazendo a Internet para outra dimensão é a universalização do seu uso, mesmo nas classes sociais menos favorecidas. Isso decorre do barateamento dos meios de acesso e da comunicação, embora de forma desigual em diferentes lugares. Além disso, está ocorrendo uma enorme popularização do acesso móvel, através de celulares e smartphones.  No Brasil, a classe C e até a classe D estão entrando nesse jogo.
        Essa ampla adoção precede a mudança cultural que está em curso e que está mexendo com o dia-a-dia das pessoas. A leitura de jornal e revistas físicas está em certa queda, a TV e o rádio também, porque o tempo das pessoas é um só e a competição com a Internet é intensa. A publicidade, principal fonte de rede das mídias convencionais, vai se fincando na Internet atrás dessa audiência.

O que muda com a Internet
        A diferença fundamental que a Internet permite um nível de interação e possibilidades muito maior que as mídias tradicionais. Isso muda todo relacionamento entre empresas e dessas com os consumidores, em termos de informação, serviços e reputação:
  • A Internet absorve um mercado consumidor mais e mais voraz, que concorre cada vez mais com as lojas físicas e também as complementam.
  • A concorrência vai ficando mais acirrada, porque o investimento de entrada é cada vez menor, à medida que abrir uma loja virtual torna-se cada vez mais barata.
  • O acesso rápido à informação, incluindo o preço, tende a tornar mais difícil a vida de produtos e serviços de baixa qualidade e a prática de preços altos.
  • Surgem numerosas possibilidades novas de negócios, principalmente no campo de prestação de serviços: advogados  virtuais,  computação em nuvem (sistemas disponibilizados online), resolução de problemas empresariais ( www.innocentive.com ) e muito mais.
  • Agiliza e otimiza o relacionamento entre empresas (B2B), em relação a áreas como compras, logística, pós-venda, publicidade, etc.
  • Aumenta as consequências do bom e, especialmente, do mau atendimento aos clientes, pela reverberação desses, através das redes sociais, blogs e sites em geral.
  • Aumenta as possibilidades e torna mais fácil o relacionamento (automatizado ou não) um-para-um de uma empresa com seus clientes, através de histórico de hábitos de consumo e visitação, redes sociais, blogs, promoções personalizadas, etc.
  • Estimula o mercado de nicho, porque em escala global é muito mais fácil reunir um grupo maior de interessados nos mais exóticos produtos e serviços, Veja o serviço de viagens para mascotes em www.strangemall.com
  • Hoje, cada vez mais, está se tornando possível terceirizar até mesmo serviços bastante complexos. Por exemplo, a Índia disponibiliza uma enorme força de trabalho bem-educada e que domina o Inglês, a um custo baixo em relação ao americano. 

Internet mexe com a cultura
       Todos, especialmente os jovens, vão se habituando a novas práticas culturais, que se traduzem em termos de hábitos, relacionamentos, hobbies, etc. Os relacionamentos turbinados pela Internet criam possibilidades quase infinitas de interação, divulgação e troca de informações.
       Os jovens de hoje serão os adultos de amanhã e estarão no controle das empresas, da política e da economia. Isso irá acelerar ainda mais as mudanças culturais.

O que muda na Liderança
       Hoje em dia, com o aperfeiçoamento dos meios de comunicação (a popularização da videoconferência é só uma questão de tempo) o trabalho presencial cada vez se tornará menos essencial e as diferenças geográficas tendem a ficar menores. Desse modo, alguns setores mais comoditizados,  não precisariam mais ser replicados em cada unidade geográfica de uma megacorporação.
       Para se adaptar a essa nova realidade, é preciso se interessar pelo mundo e pelas mudanças, mantendo-se informado. Nesse ponto, há um grande risco de que a busca incessante pela informação, produza tanta ansiedade, que acabe afogando o líder em ascensão. Assim, é preciso, mais do que nunca, que o líder exerça  uma grande seletividade na coleta de informações, para não se perder, como Negócios S/A detalha no tópico sobre Informação.
       Além disso, é essencial que o líder adote pessoalmente as novas tecnologias, para entendê-las melhor. Porque a experiência vivida é muito mais rica do que meramente se informar.  Por exemplo, não se deve achar que o Facebook é coisa de adolescentes ou pessoas desocupadas. Abrir e usar uma conta no Facebook é um ótimo meio  de compreender um pouco desse mundo, ainda que depois se deixe a conta meio esquecida, se for uma conta pessoal. O mesmo vale para diversas outras tecnologias.
        Como dito acima, um CEO não pode se deixar levar pelo canto de sereia da mudança e se descuidar do que já existe só porque isso não está tão destacado na mídia. É preciso cautela contra afirmações que dizem que lojas físicas ou livros de papel estão prestes a ficar ultrapassados.


Para finalizar
        Um líder precisar estar com um olho na missa (as mudanças, em especial as resultantes da democratização da Internet e da mobilidade) e outro no padre (na grande maioria das coisas que não estão mudando).

Nenhum comentário:

Postar um comentário